VERDADES SOBRE pão
por Ramiro Murillo
#2: TRIGO NÃO É TRANSGÊNICO
Nem geneticamente modificado (OGM).
Um dos ataques do livro Barriga de trigo do cardiologista William Davis e dos ativistas anti-glúten é que o trigo atual foi geneticamente modificado, e está muito distante do que era o trigo há cem anos atrás, pois tem mais cromossomos do que o “trigo antigo”.
Aqui é importante ser preciso na terminologia. O trigo atual sim, tem o código genético diferente do que tinha há cem anos atrás. Mas esta alteração genética foi feita através do processo de hibridização, que é o cruzamento de sementes da mesma espécie, com o objetivo de obter sementes mais resistentes às pragas naturais de cada ecossistema.
Assim, no México, o trigo é diferente do que na China, que tem outros tipos de doenças possíveis que ameaçam a plantação. Agora, precisamos entender aqui duas coisas importantes:
1 – Todas as plantas do mundo passam por alterações genéticas naturais, decorrentes de cruzamentos espontâneos, e têm seu código genético alterado. O trigo antes do consumo humano, por exemplo, tinha um número de cromossomos menor ainda do que o primeiro trigo consumido pelos humanos do qual se tem registro, há 14 mil anos. Esta evolução genética é algo que a natureza já conhece.
E nenhum estudo comprovou que esta alteração genética recente, causada pelos humanos através institutos de pesquisa como o CMMYI, com o objetivo de proteger as plantações de doenças, cause algum dano a nossa saúde. O processo de hibridização, além de ser natural, sempre foi usado pelas culturas antigas. Assim, os índios cruzavam diferentes sementes de milho em busca de um novo tipo de milho.
2 – A hibridização é algo muito diferente da transgenia, que é a inserção em laboratório de genes específicos em espécies alimentares. A transgenia aconteceu de forma trágica com o milho e a soja, e hoje é muito difícil achar um grão de milho ou soja não transgênico no supermercado. No Brasil, então, poderia dizer que é impossível. Somente indo atrás de pequenos produtores de milho crioulo, cultura que felizmente está crescendo no país.
Devemos lembrar que o objetivo da transgenia nestes alimentos é a resistência a pesticidas altamente tóxicos, e que este método foi criado pela empresa Monsanto, dos EUA, que criou a necessidade de demanda de diveresos agrotóxicos como o famoso Round up, com a propaganda de oferecer um milho resistente e produtivo para os produtores, mas na verdade o que aconteceu é que os produtores de milho e soja (que fornecem estes alimentos principalmente para a produção de ração na produção de carne), ficaram reféns da Monsanto e foram obrigados a usar suas sementes transgênicas e comprar seus agrotóxicos.
Assim, temos uma produção mundial de milho e soja transgênicos, infestados de venenos que já mataram muitos produtores e vizinhos de plantações, mas a população está parando de consumir glúten, pois "o trigo é geneticamente modificado". Modismos que passarão.
Concluindo, o trigo não é nem transgênico nem OGM (organismo geneticamente modificado).
Sigamos com ciência!
Mão na massa,
Ramiro Murillo
novembro de 2019